Moço, que venceu a categoria brewers (café filtrado) na última edição do campeonato brasileiro, vai representar o Brasil no próximo Campeonato Mundial de Barismo, que será realizado em novembro em Belo Horizonte. Em sua cafeteria, no bairro Juvevê, ele serve uma xícara pequena feita a partir de grãos especiais por até 25 reais. A clientela de Moço é jovem, fiel e em crescimento. “É um público que quer aprender e sabe o valor de um bom café. Reparamos isso nas pequenas coisas. Por exemplo, nossos clientes ou não colocam ou colocam muito pouco açúcar no café. É um detalhe, mas fala bastante sobre o perfil de exigência”, diz Moço.
Um dos clientes da cafeteria do tetracampeão é o empresário Jonhatan Bittencourt, 35 anos. Fã de café, Bittencourt procura sempre aliar o hobby às constantes viagens profissionais que faz, no Brasil e no exterior. “A qualidade dos nossos profissionais é excelente. E tem surgido coisas boas e novas. Acho que somos a Seattle (a cidade americana é considerada a capital mundial dos cafés) brasileira do ramo”, explica.
Cultura
Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), vê na cidade uma cultura estabelecida de cafés especiais, com grandes profissionais e consumidores exigentes. Para ela, a construção dessa cena começou em 2002 com o Lucca Café. “O trabalho deles foi pioneiro e se hoje Curitiba tem todos esses campeões e três escolas de baristas, deve muito a eles”, afirma.
Georgia Franco de Souza, proprietária e fundadora do Lucca, afirma que a cafeteria já nasceu com o objetivo de formar campeões. “A competição é algo que entusiasma os jovens. Então sempre treinamos e incentivos nossos profissionais para os campeonatos. O Lucca já fez 15 campeões brasileiros. Inclusive no ano passado minha filha, a Camila, venceu na categoria cafés filtrados”, comemora Georgia.
A escola de baristas do Lucca continua na ativa com quatro instrutores. Completando o tripé do negócio está a torrefação, supervisionada diretamente por Georgia. O café do Lucca é vendido para o Brasil todo.
Histórico
Se hoje a capital do estado se destaca pela oferta e consumo de cafés especiais, o Paraná já ostentou o título de maior produtor mundial do grão. As fazendas de café no Norte e Norte Pioneiro do estado foram o motor da economia do estado durante as décadas de 1940, 50 e 60. A geada negra, em 1975 dizimou as lavouras paranaenses. Os produtores tiveram prejuízos imensos e trocaram o café outras culturas, como o trigo. Uma minoria deixou o Paraná rumo a outros estados com clima mais propício para o grão, como Minas Gerais.
Lentamente, a cultura tem sido retomada no estado. Agora, sem grande escala de produção e com foco na qualidade dos grãos. “Eu acho que o solo do Paraná é o melhor do Brasil pra produzir café, sem dúvida. O desafio é o clima, o frio e as chuvas”, diz Moço, que tem desenvolvido uma parceria com produtores do Norte e Norte Pioneiro para a melhora dos grãos paranaenses.
Data: 08/11/2018
Fonte: Veja